Quando as palavras saem da moda, as coisas que elas designam ficam boiando no abismo dos mistérios sem nome; e como tudo o que é misterioso e inexprimível oprime e atemoriza o cora??o humano com uma sensa??o de cerceamento e impotência, é natural que a aten??o acabe por se desviar desses tópicos nebulosos e constrangedores. Pois o que desaparece do vocabulário logo acaba por desaparecer da consciência: o que n?o tem nome n?o é pensável, o que n?o é pensável n?o existe — tal é a metafísica dos avestruzes. Só que a coisa desprovida do direito à existência continua a existir numa espécie de extramundo, inominada e inominável, tanto mais ativa quanto mais secreta, tanto mais temível quanto mais envolta nas pompas tenebrosas do nada. A restri??o do vocabulário povoa o mundo de temores e presságios. Desprovido da capacidade de nomear, eis o homem devolvido a todos os terrores que ele imaginava primitivos, mas que s?o uma pura cria??o da mais avan?ada e requintada decadência: o barbarismo artificial.
Se a coisa desprovida de nome é, por acaso, alguma realidade espiritual elevada, um valor excelso ou aspira??o suprema da alma — uma dessas coisas essenciais que se pode expulsar da consciência, mas n?o da existência —, é natural que sua reencarna??o obscura assuma, mais ainda